Ontem eu sonhei que
sonhávamos juntos, que de mãos dadas, novamente, reconstruíamos
nosso tão doce castelo de areia.
Era como se pegássemos
todos os grãos um a um; um sorriso, um olhar, um piada, um beijo,
tantos desejos; e com o passar do tempo tudo foi tomando forma
novamente, voltando a crescer entre suas majestosas torres de
expectativas aonde não se via fim.
Uma vez o homem quis
desafiar a Deus construindo torres até o céu e, como castigo, fomos
espalhados pelo mundo e confundidos em várias línguas. Bem, acho
que não aprendemos a lição e talvez nunca aprenderemos, como seres
falhos que somos, pois as torres de todos os castelos quase sempre
encontrem um limite e se desfazem, restando no final apenas
estranhos, que entendem o amor cada um a sua forma, isso quando ainda
o resta.
Quando me veio tal
devaneio, eu olhei no fundo dos teus olhos e disse, deixando
transparecer um medo quase juvenil, por mais que eu não quisesse:
– Porque precisam ser
tão grandes? Vou parar as minhas por aqui.
– Porque não podemos
deixar de sonhar. Elas alimentam nosso amor – Você disse.
– Então viver de
sonhos é o que nos resta? - Eu respondi.
De repente, suas
palavras se foram, seus olhos se viraram para os meus e por eles eu
pude saber o que sairia dos seus lábios em seguida, a verdade. A
verdade assusta, ela é direta, ela não tem sentimentos. Todos a
querem, mas poucos a conseguem suportar, e eu sentia aquele peso a
caminho do meu peito.
Eu já sabia a sua
resposta e o vento se encarregou de confirmá-la antes que você
pudesse proferir as seguintes palavras:
E se foi.